"Tens a liberdade de seres tu próprio, aqui e agora, e nada poderá impedir o teu verdadeiro EU de vir ao de cima"... |
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Era
manhã
e
o
sol
nascente
brilhava
sobre
as
ondas
de
um
mar
calmo. A dois quilómetros da costa um barco de pesca pairava sobre a água e as palavras Pequeno - Almoço relampejaram pelo ar, até que um bando de gaivotas apareceu a disputar pedacinhos de comida. Era o começo de um dia movimentado. Mas lá longe, para lá do barco e da costa Fernão Capelo Gaivota treinava. A trinta metros de altura, baixou as suas patas com membranas, ergueu o bico e tentou a todo o custo, com a força das asas, aguentar uma contorção difícil e dolorosa. Isso queria dizer que deveria voar devagar, e então abrandou até sentir o vento passar pelo corpo como um sussurro, até sentir o oceano por debaixo de si. Franziu os olhos, em intensa concentração, susteve a respiração e forçou...um...só mais...um...centímetro...de...curva. Então as penas ruflaram, e ele desequilibrou-se e caiu. |
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Como sabem, as gaivotas nunca hesitam, nunca se desequilibram. Desequilibrar-se no ar é para elas uma desgraça e uma desonra. Mas Fernão Capelo Gaivota não era um pássaro vulgar. |
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Começa assim a narração de Richard Bach, piloto de pequenos aviões e planadores e autor de inúmeras obras onde, baseado na sua experiência de aeronáutica e na imensa paixão de voar toca aspectos humanos comuns a toda e qualquer alma, desde as inquitudes mais profundas às esperanças mais inocentes. |
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Fernão
Capelo
Gaivota,
ave
destinada
por
tradição
do
bando
com
que
habita
e
pela
própria
natureza
da
espécie
a
que
pertence,
é
suposto
ocupar
a
mente
apenas
com
as
preocupações
próprias
de
uma
gaivota
-
procurar
alimento.
Contudo,
Fernão
Capelo
Gaivota
não
se
trata
de
uma
qualquer
gaivota,
deseja
mais
e
mais
da
vida
do
que
a
mera
procura
de
alimentos.
Quer
rasgar
os
céus,
fazer
voos
picados,
rasantes.
O
que
a
alma
lhe
pede
é
o
voo,
a
liberdade
e
o
pleno
domínio
dos
céus.
O
desejo
de
ver
mais
longe
e
de
responder
a
um
apelo
que
é
mais
forte
que
ele
próprio
torna-o
um
elemento
incomodativo
entre
os
seus
pares.
Não
satisfeito
com
as
limitações
que
a
sociedade
lhe
impõe
e
nem
mesmo
com
aquelas
que
o
relembram
quão
difícil
é
transpor
as
barreiras
que
o
próprio
corpo
ergue,
Fernão
Capelo
Gaivota
opta
sempre
por
ir
mais
longe. |
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Quer ele próprio, alma liberta que se ultrapassa a si mesma e que ultrapassa o próprio domínio físico. A resposta que lhe é dada não poderia ser outra. Tal como acontece a quem infringe as regras vigentes em qualquer domínio comunitário. Fernão Capelo Gaivota acaba por ser expulso do bando após duro julgamento. A sentença que lhe é decretada por desejar algo que o torna necessariamente diferente dos outros é a da exclusão pois entende-se que dele é imperioso fazer um exemplo, não vá a ideia de ocupar o espirito com desejos mais altos toldar o juízo às aves mais jovens, mais arrojadas, mais inexperientes e mais influenciáveis pelas grandes causas da alma humana, aqui retratada no espirito de uma gaivota. |
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Fernão Capelo Gaivota aprende o que é a solidão, aprende qual o preço a pagar por não ser igual, por desejar mais e não se contentar com o doce desenrolar dos dias iguais aos outros. Mas Fernão Capelo Gaivota também aprende o que é descobrir que não se trata da única gaivota com alma de asas, percebendo que apenas percorre acelerado um caminho que toda a espécie terá que aprender - o de que há mais além da busca do alimento, do mesmo modo que para o Homem há mais para além das buscas mais mundanas que a sociedade nele incute. |
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Neste ponto, a ave julga encontrar-se num outro mundo, diferente do da Terra, talvez morto e renascido, talvez perdido entre tantas questões que logo se levantam. Isto porque Fernão Capelo Gaivota, não poupa esforços a si mesmo, nem à sua alma. Questiona-se. Prefere a dúvida e a incerteza às cómodas ilusões que a adaptação aos moldes de vida lhe poderão proporcionar. Junto de outros que buscam a mesma perfeição, de voo, de performance, mas sobretudo interior, Fernão Capelo Gaivota descobre o que é a verdadeira liberdade e a verdadeira essência de ser ele próprio. Porque vê melhor a gaivota que voa mais alto História de Fernão Capelo Gaivota foca a intensa e extraordinária determinação de Fernão Capelo, que antevê um outro mundo - um Mundo de Amor, Compreensão, Esperança, Força-de-vontade e Individualidade. |
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Lá... Numa praia distante... Levado pelas asas do sonho... Através de uma porta aberta... Podê-lo-às conhecer... Se conseguires SER... Página que reclama uma palavra... Que fale de um tema Eterno E que dela... Deus faça o teu dia. |
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Canta... Como uma canção... Em busca de uma voz muda... E o Sol... Com que Deus te há-de guiar. E dançamos.... Ao som de um sussurro... Que a alma escuta... E de que o coração se ocupa... Podê-lo-às conhecer... Se conseguires conhecê-lo... Enquanto a areia... Em rochedo se transforma... Que da centelha... Faz brotar a Vida. |
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Sê... |
Porquê? Porque não sou capaz? Até onde conseguirei "voar"? Como será o mundo visto "lá do alto"? Tenho de voar mais longe do que os outros já voaram... Hoje, voei mais alto do que é costume... Para lá dos Penhascos-Longinquos... Para lá das nuvens mais altas. Consegue-se ver TUDO. |
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Céu de aspecto solitário... Céu solitário... E por ser solitário... Faz-nos pensar porquê! Noite de aspecto solitário... Noite solitária... E por ser solitária... Induz sempre em erro! Dorme... Nós dormimos... E podemos sonhar... Enquanto pudermos. Sonha... Nós sonhamos... Pois pudemos vir acordar... Um dia de aspecto glorioso... Um dia mais... Dia de aspecto glorioso Dia glorioso... E na sua glória Mostra-te um caminho simples... Observa se puderes... O Dia de aspecto glorioso... Céu de aspecto solitário. |
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